terça-feira, 8 de maio de 2012

Retorno às (minhas) origens


- Cuidado: Texto com Spoliers -

Freud afirmava que o primeiro impulso manifestado pela humanidade é a pulsão de morte, menos do que um instinto auto-destrutivo e mais um instinto de retorno à origem da vida com o seu ápice no desejo do retorno ao ventre materno, onde por uma vez, a mente havia experimentado a completude. Considerando o homem um animal instintivo, Freud baseava todos os seus estudos sobre o inconsciente no impulso sexual. Já Jung, segundo o filme melhor resolvido sexualmente, atribuia a linguagem como o principal determinante da cultura, sendo necessário ampliar o sentido da libido e do inconsciente, de forma a abranger um estudo das manifestações artísticas e culturais dos povos, o que o levou a criar a teoria do inconsciente coletivo.

O filme Um Método Perigoso (A Dangerous Method - 2012) do diretor canadense David Cronenberg relata uma das principais histórias do princípio da Psicanálise, a relação de Freud e Jung enquanto dois pesquisadores da teoria do inconsciente desenvolvida pelo primeiro. O auge desse relacionamento com a intenção pública de Freud em tornar Jung seu sucessor oficial nestes estudos é relatado filme, onde também fica clara as desavenças iniciais deste relacionamento e a necessidade de Jung em ampliar os conceitos de seu tutor, o que ocasionou o desentendimento das idéias destes dois teóricos em  público.

Em um norte europeu permeado por conceitos que levariam à primeira guerra mundial em poucos anos, com conflitos étnicos entre judeus (representados em Freud) e arianos (representados em Jung) o pano de fundo da liberdade de idéias da época e do rigor científico das novas descobertas são tratados com delicadeza ainda mais quando o conflito se materializa em uma paciente histérica atendida por Jung com o método da "cura pela fala" desenvolvida por Freud. A linda Sabina Spielrein chega ao hospital psiquiátrico em que Jung trabalha e é atendida por este. Ambos se perdem em plena confusão da teoria do amor transferencial, que segundo a teoria psicanalítica existe entre paciente e terapeuta. Por ser um principal responsável da resistência ao tratamento psicológico, a amor tranferêncial é também a chave da cura, pois é onde os sujeitos existentes na relação paciente-terapeuta criam um vínculo e se propõem a trabalhar juntos.

Após ter alta, retornar à vida normal e contribuir com as pesquisas de Jung, a Sra. Spielrien e Jung vivem um romance que muda muito a história de suas vidas e contribui para o desentendimento de dois pilares do estudo do inconsciente humano.

Em tom fanático (um dos únicos pecados do filme), o diretor termina dando à Jung o título de maior psicólogo que já existiu. O certo é que ainda não dá pra definir as grandezas das teorias que foram definidas pelos dois teóricos e até hoje encontram eco nas principais terapias.

sábado, 21 de abril de 2012

Um sonho de 52 anos.

Hoje Brasília completa 52 anos, e poderia certamente ser mãe de muita gente da minha geração. Na verdade, já a é.

Muitos nascidos na capital dão à cidade planejada, o imprevisto. Começam a falar de uma forma meio parecida, começam a gostar de determinados assuntos em detrimento de outros e a agem de formas repetidas e cíclicas, iniciando uma cultura.

Véi, Só o ouro, De boa, Bicho e Cabuloso! fazem parte das gírias brasilienses e tem gente que consegue usá-las todas em uma só frase. Futebol, não é o assunto preferido dos nativos, se for falar de basquete até ganha um certo ibope.

Esperar que um brasiliense saia da sua toca para te encontrar? Mas só se for por muito prestígio a você, e isso eles fazem questão de não dar a qualquer um. Preferem a boa e velha turma de sempre, que cresceu junto no colégio e que não aceita novos adeptos, a não ser que você consiga voltar no tempo.

E pular na Roda nos show de rock? Quem olha pensa que são um bando de maluco se esbarrando, e na verdade é o que é mesmo, e ta aí um prazer que é difícil de entender.

Gostar de brasília é saber que uma parede de azulejos pode ser uma obra de arte, é saber que horizonte não precisa de mar, é não curtir a invasão do Lago Paranoá por particulares e ter muita raiva quando confundem centro do poder governamental, que é formado por corruptos de todos os lugares do Brasil que mal moram aqui por 3 dias na semana, com os brasilienses que souberam aderir ao sonho de uma capital no sertão.

Com uma idade dessa, e já consolidada, fica mais difícil entender por que Brasília é a única cidade do Brasil sem prefeito, o que faz com que a maioria dos problemas sejam varridos pra debaixo do tapete e fique quase sempre sem investimentos em cultura, lazer e melhorias para torná-la um grande pólo de influência nacional.

Afinal, 52 anos não é nem 10% da História do Brasil e a cidade já causa um grande barulho.

Parabéns Brasília.

(Fui procurar uma imagem para colocar no blog no google após escrever o texto, e me arrepiei com a Homenagem. Vlw Google.)





quinta-feira, 12 de abril de 2012

Por favor, cuide da mamãe!

Pelo título, já se sabe que este livro vem tocar onde nos é mais dolorido. Ainda mais em vésperas de dia das mães. Apesar da história completamente diferente por se passar em uma aldeia interiorana da Coréia do Sul, com alguns toques da capital Seul, não há como não se identificar com a história de Park So-nyo. 

Mãe de 5 filhos, mulher batalhadora, que planta na primavera pra colher no outono, prepara toda a sua comida com o próprio plantio, e só compra o que não vem de sementes. Hábil com números apesar de não decifrar letras, vive pela família e reproduz toda a história do seu povo, respeitando todos os ritos e ensinamentos no qual foi criada.

Mas, como toda boa mãe, deseja aos seus 5 filhos uma vida melhor, e não mede esforços para colocar todos na faculdade em Seul. Nesse trajeto, vive, apesar de a família não se dar conta que sua vida é repleta e feliz, e que sua batalha é ganha a cada dia de esforço.

Em um dia de visita aos filhos em Seul, ela se perde no metro de uma cidade grande, já idosa, e com algumas doenças que vieram com a idade. E assim começa o livro.

Uma melhor sinopse, http://www.intrinseca.com.br/site/catalogo_ficha.php?livrosID=208.

Livro emocionante, que faz entender melhor do que as mães são capazes pelas suas crias, e que talvez o nosso poeta cazuza esteja certo, e só as mães sejam felizes.